sexta-feira, 18 de maio de 2012

Grande artista português: FF (Fernando Fernandes)

Não sei como não foi dada importância a um talento como o FF (Fernando Fernandes) em Portugal, que apenas viu o seu valor e talento serem reconhecidos no programa da TVI A tua cara não me é estranha 2. Eu pergunto-me o que é que a indústria da música anda a fazer em Portugal? a dormir decerto. Um artista capaz de se igualar às grandes vozes nacionais e internacionais, que é ESPECTACULAR, no entanto mal aproveitado.
Já todos nos apercebemos que muitos talentos não são aproveitados em Portugal, já nesta Eurovisão o Carlos Costa provavelmente nos teria deixado melhor classificados, no entanto, escolheram o Fado, apesar de nosso e de grande valor, pouca hipótese tem contra as restantes músicas, como podemos ver pelo nosso historial de participação. Mais uma vez desperdiçámos a oportunidade de mostrarmos que Portugal também tem grandes artistas, tão bons como Ladys Gagas e outros (muitos dos cantores estrangeiros nem cantar sabem, no entanto, os países deles sempre os apoiam - já os portugueses deixam morrer os grandes artistas e, quanto muito, depois de mortos têm reconhecimento; situação à qual se podem juntar diversos poetas e escritores).
Outra coisa que não percebo é a implicância com a Alexandra Lencastre, do painel de jurados de A tua cara não me é estranha, apenas porque informa os portugueses, todos sabemos que a maioria dos portugueses têm pouca cultura musical, e eu não sou excepção, e acho bastante positivo que alguém tente mudar isso ou pelo menos alertar para a necessidade de medidas no que diz respeito à cultura. É pena é que o governo interprete esta necessidade de cultura  ao contrário, tanto que decidiu que os museus deixariam de ter entrada livre aos domingos - deve ser para nos tornar mais cultos (se já poucos iam aos museus, então agora vão: nenhuns!) . Pior que um povo em crise, só mesmo um povo inculto e em crise (é o que eu chamo o 2 em 1, contribuindo o Estado para o 2, resta-nos a nós contribuir para salvar o 1)!


quinta-feira, 17 de maio de 2012

Beowulf (poema anglo-saxónico)

Beowulf- Hrothgar constrói salão de hidromel – Heorot – em honra da prosperidade do seu governo.
- Mas uma criatura ouviu a orgias, a música, e a felicidade do salão´: Grendel, descendente de Caim - um da raça gigante que havia sobrevivido a inundação de Deus e é um habitante dos pântanos, que ataca durante a noite . Quando a noite caiu, ele foi para Heorot, levou trinta guerreiros que dormiam fora da orgia e trouxe-os para o seu covil.
- Os guerreiros abandonaram o lugar com medo da ira de Grendel, que continuou a aterrorizar Hrothgar durante 12 anos.
- Hygelac dos Geats ouvido da ira de Grendel, envia o mais poderoso conjunto de guerreiros para a terra dos dinamarqueses – Heorot.
- No segundo dia no mar, os marinheiros se aproximaram dos penhascos dos promontórios. Eles desembarcaram e agradeceram a Deus por sua viagem segura.
- Um vigia - Scylding parou onde eles desembarcaram e exigiu saber dos marítimos armados de onde eles vieram e por que eles estavam lá.

- Hrothgar pede-lhe para falar com esses homens armados liderados por Beowulf dos Geats. O líder parece-lhe para ele um guerreiro muito forte. Hrothgar lembra-se de Beowulf e sua linhagem. Desde os seus mensageiros aos Geats ele já ouviu falar de Beowulf, cuja força é de trinta homens. Esta é uma boa notícia para a guerra contra Grendel e são-lhes dadas as boas-vindas à terra dinamarquesa.

Beowulf (700-1000 d.C.) é o mais extenso poema épico tradicional da literatura anglo-saxã, escrito em west-saxon. O poema não está intitulado, mas é conhecido como Beowulf desde os primórdios do século XIX. O poema narra as aventuras do herói Beowulf, numa lendária época de heróis, que viaja até à corte do rei dinamarquês Hrothgar, descendente de Scyld Scefing, para o livrar do terrível Grendel que devora homens inteiros.

Beowulf vence e mata o Grendel numa contenda a dois, desarmado e nu. A mãe de Grendel – mulher guerreira e “aglaeca”, vem vingar a morte do filho com novas chacinas. O inexorável Beowulf segue o seu rasto até uma caverna submersa onde a confronta e a subjuga. A narração é, a partir desde ponto, cortada por um longo interregno temporal e encontramos o mesmo Beowulf, já de idade avançada, rei entronado e engrandecido do seu país – reina por 50 anos entre os Geats até que, já velho, se vê diante de um novo desafio. Um dragão que guardava um grande tesouro se enfurece quando um escravo rouba uma taça do seu tesouro. Ele pretende destruir os Geats e Beowulf enfrenta-o usando um escudo de ferro para suportar o fogo que sai da sua boca. É abocanhado pelo dragão, mas o guerreiro Wiglaf o salva. O veneno do hálito do dragão, porém, o enfraquece e ele morre, não sem antes dar suas armas e seu tesouro ao jovem Wiglaf.
O poema termina com a cerimónia fúnebre do herói.


- As espadas tinham uma aura mítica, dizia-se terem sido criadas por gigantes;
- O Grendel surge e mata toda a gente no salão quando o scop está a cantar a canção da criação. Eram os scops que perpetuavam a memória da tribo, celebrando os feitos dos heróis;
- Só sabemos sobre Grendel que é gigante, com olhos avermelhados e que é canibal, pois mata os guerreiros e bebe-lhes o sangue.
- A morte está sempre presente, passa-se a ideia de que andamos perdidos no mundo e o fim é a morte. O destino de Beowulf é a morte: ele está velho e sabe que se lutar morre e que é esse o seu destino. A morte vem sob a forma alada de um dragão.
- O nome Beowulf conjuga dois animais fundamentais da literatura. Ele tem duas características fundamentais dos animais mais temidos, símbolos de força, bravura e associados a reis e heróis: o urso e o lobo. O urso patente na sua força ao nadar até casa e trazer num só braço 30 armaduras e é com o abraço de urso que arranca o braço de Grendel e sem armas.
- Beowulf é eloquente, cerimonioso, modesto, sensato, leal, altruísta, gentil, generoso e meigo.
- Na primeira parte do poema temos Beowulf na Dinamarca (guerreiro ideal que se oferece para lutar pelo rei) e na segunda temos Beowulf, o rei ideal.
- A sociedade aristocráticas guerreira reúne-se em redor de um chefe – Hrotghar.
- Importância do ouro, bens preciosos e armas, em que todas as espadas usadas por Beowulf falham.
- Importância do solão – Heorot – centro de ordem e estabilidade, de conforto, alegria, festa e abundância.
- Existem referência à Criação, Caim e ao Dilúvio, encontrando-se na intersecção entre o paganismo e o cristianismo.
- Ao contrário do habitual encontramos a presença dos monstros no centro do poema e as “coisas consideradas na época importantes” na proferia.
- Os monstros permitem a demonstração da luta de um homem contra um mundo hostil e contra a inexorabilidade do tempo (mata Grendel ainda jovem e sobrevive, mas já não consegue fazê-lo velho).
- Os monstros acentuam também o heroísmo e bravura do protagonista, Beowulf distingue-se por matar um dragão, sendo essa a última proeza da sua vida. Apenas um dragão poderia transformar um guerreiro no mais poderoso dos heróis, destinado a ser celebrado num poema.
- Existe como que um ciclo: Fundação de uma sociedade, construção de Heorot – salão de Hrothgar; Destruição do salão por Grendel; Destruição de Grendel por Beowulf. Hrothgar no salão com seus homens; Mãe de Grendel ameaça salão; Beowulf destrói mãe de Grendel. Beowulf está no salão; dragão ameaça salão; dragão e Beowulf destroem-se mutuamente.
- A mãe de Grendel é referida como se fosse um homem (“ele que tinha de habitar nas águas terríveis”) e quando Beowulf a mata traz a cabeça de seu filho e não a sua. Isto, porque seria uma vergonha para o heróio trazer a cabeça de uma mulher, tal como lutar com uma mulher mais forte que ele.
-  A mãe de Grendel apenas mata para vingar o filho, não surge como mostro que vem matar guerreiros mas como uma mãe que vem vingar o filho.
- Apesar das diferenças, existem afinidades entre o homem e os monstros:
• Grendel tem força humana, só tem de monstruoso o seu tamanho e atos canibais; ele é um exilado da descendência de Caim; algumas palavras utilizadas para o descrever são comuns a Beowulf.
• A mãe de Grendel tem forma humana, não tem nome, apenas vinga e chora a morte do filho e a sua gruta é descrita como um salão.
• O dragão é a última cobiça dos homens, que roubaram seu tesouro; a sua gruta é descrita com as mesmas palavras que o salão de Hrothgar e a gruta da mãe de Grendel, no entanto, não tem força humana, é uma força da natureza. A luta com Beowulf é desigual e dá-se longe da civilização humana. O dragrão simboliza o que é natural na vida – a morte.
- O herói sacrifica-se pelo seu povo num combate final, com o dragão, que é o destino: a morte. Há uma aceitação do destino.
- Tudo acaba na morte, destino dos homens. Beowulf começa com um funeral e acaba com um funeral, dá-se a morte dos heróis, de civilizações e eras.
- No combate contra o dragão morre o herói, a comunidade do herói e a era dos heróis, dado que avida de toda a comunidade está envolvida na luta entre Beowulf e os monstros para salvar Heorot de Grendel e de sua mãe.
- O herói, ainda, pensa que o ouro irá salvar a sua comunidade, mas ela enterra-o com ele.
- Os monstros vêm refletir sobre as ações dos homens. Os monstros fora do salão são projeções dos males dentro do salão, do mal humano. São também transportadores de duas mensagens: não podemos fugir à inevitabilidade do destino e não podemos fugir às consequências do mal dos homens.

Confissões, Santo Agostinho

Confissões de Santo Agostinho
- É um itinerário pessoal, religioso e filosófico de Santo Agostinho.
- Aqui a palavra “confissões” adquire três significados: confessar, louvar e reconhecer.
- As Confissões têm uma forma dialógica que assenta na confiança infinita no infinito amor de Deus por ele, cria-se uma sintaxe particular e há um interlocutor silencioso (“Tu” – Deus): “meu amor”, “minha doçura”, “minha luz”, “minha glória”, “minha confiança”, etc.
- Paralelismos podem ser feitos para com os salmos, a apóstrofe é adaptada para o “tu”.
- Têm uma estrutura trinitária: passado (I-IX conhecimento terreno), presente (X conhecimento de si mesmo) e futuro (XI-XIII Agostinho anunciador da palavra divina, conhecimento religioso).
- É o embrião da literatura autobiográfica porque só vai conter o percurso espiritual (os aspetos negativos e positivos do seu percurso) e não segue o cânone autobiográfico da época, que dita que se comece com a ascendência.
- O tom autobiográfico dos primeiros nove livros é estranho aos homens do seu tempo, no entanto, os últimos quatro já eram mais normais e se encaixavam no que eram as suas leituras. Não se dirige ao leitor, não diz o que vai tratar, nem pede inspiração (nem sequer a Deus), o que também é estranho para a época.
- Ideias: Não se pode amar o que não se conhece, para amar é necessário conhecer no entanto, para conhecer é necessário amar.
Agostinho sabe que a sua obra pode ser útil aos outros, a homens com as mesmas dúvidas que ele teve.
È uma personalidade que está sempre a adiar e que se detesta ao comparar-se com os modelos da renúncia.
O seu objetivo máximo não é encontrar, mas procurar a felicidade.
A sua conversão resulta de um processo de perceção gradual de que é cristão, é algo progressivo, lento, meditado.
Livro I
®      Agostinho manifesta a intenção de louvar a Deus.
®      Refere a Majestade e atributos de Deus.
®      Fala do amor que sente por Deus e do perdão dos pecados.
®      Infância: acredita na providência e eternidade de Deus.
®      Como aprendeu a falar (associando gestos a sons) segundo o que lhe foi contado.
®      Aversão ao estudo e amor pela brincadeira; medo dos castigos que o levou, ainda menino, a invocar Deus.
®      A imposição do estudo e o desígnio de Deus.
®      Temas e matérias preferidos (preferia o Latim, os professores gramáticos, que davam obras como a Eneida, no entanto, demonstra uma consciência nas suas confissões de que pecava aos preferir estas matérias às outras mais úteis, como a matemática).
®      Aversão à língua grega e por consequente a Homero.
®      Súplica a Deus para que lhe deia forças para ser seu servidor e o livre das tentações.
®      Agradece pelos bens recebidos na infância.
Livro II
®      Recordação dos vícios da adolescência.
®      O desatino dos 16 anos (paixões, vícios, pecado da luxúria),afastamento dos preceitos de Deus e castigo divino.
®      A libertinagem da adolescência e expectativas de seus pais (pai gasta tudo o que tem nos estudos do filho – literatura e oratória), mãe teme por si e pelos caminhos tortuosos que poderá ter de fazer, devido ao afastamento de Deus, ainda não sendo cristão, e procura afastá-lo da fornicação e adultério através de Deus, mas Agostinho não a ouve.
®      O roubo das peras, não pelo fruto em si mas pela transgressão; confessa a Deus ter amado o seu defeito; Só em Deus está o verdadeiro bem; Prazer do convívio na prática do mal (sozinho nunca teria cometido o furto) e influência das más companhias.
Livro III
®      Quando veio para Cartago viveu amores criminosos, só pensava em amar e ser amado.
®      Tinha uma grande paixão pelo teatro, que o fazia sofrer e ele amava sofrer com a desgraça alheia, falsa e representada.
®      Fala do seu envolvimento e rejeição com arruaceiros.
®      Diz ter lido Hortênsio de Cícero e ter demonstrado interesse pela filosofia.
®      Lê a Bíblia que estranha perante a majestade de Cícero, dos autores profanos.
®      Fala da adesão ao maniqueísmo.
®      Diz sua mãe ter chorado muito por ele e um sonho ter sido enviado por Deus a Mónica que fez com que ela fosse viver com ele. Confessa ter estado 9 anos no lamaçal do abismo, durante os quais sua mãe Mónica orou por ele.
®      Previsão da futura conversão de Agostinho (reconhecimento de que o maniqueísmo é um erro) por um Bispo a sua mãe.
Livro IV
®      Ensina retórica, vive em concubinagem e recusa sacrifícios para vencer.
®      Fala da doença, batismo e morte de um amigo e do seu sofrimento “fez-se trevas o meu coração”. A partida para Cartago, incapaz de suportar a dor da perda.
®      Diz a dor ter sido suavizada pelo tempo e convívio com os amidos, pela amizade humana e diz ser bem-aventurado quem ama Deus.
®      Efemeridade das criaturas.
®      Questiona-se porque se ama?
Livro V
®      Desejo profundo do conhecimento de Deus
®      Relembra quando, ainda maniqueísta, se encontra com Fausto que não conhecia as artes liberais, tirando a gramática.
®      Começa a abandonar o maniqueísmo, quando vê que não responde às questões que o atormentam.
®      Vai ensinar para Roma contra a vontade da mãe.
®      Refere os seus erros antes de aderir à doutrina do Evangelho, ao contactar com os Académicos e passar por uma fase de ceticismo e relativismo práticos.
®      Muda-se para Milão de modo a ensinar retórica, para junto do bispo Ambrósio (devoto a Deus), cujos sermões começam a causar-lhe interesse e este aconselha Agostinho a ler as epístolas de S. Paulo, no entanto, não é nem católico nem maniqueu.
®      Vai-se apercebendo da autoridade e utilidade das sagradas escrituras.
®      Fala de um mendigo feliz que encontrou numa rua de Milão e como gostaria de ter atingido uma alegria estável.
®      Refere o seu amigo Alípio e os jogos circenses, tal como os espetáculos de gladiadores e o Alípio ter sido preso como ladrão.
®      Fala da honestidade de Alípio e chegada de Nebrídio que se junta a eles na busca da verdade e sabedoria.
®      Confessa a sua ansiedade e hesitações e diz ter-se planeado o seu casamento. Fala também do seu projeto de vida comunitário, entre amigos e das sucessivas mulheres e pecados.
Livro VII
®      Deus concebido como um ser corpóreo e difuso no universo; progressão no entendimento das coisas divinas; as criaturas são e não são; referência ao erro e descoberta da verdade sobre o Verbo incarnado.
Livro VIII
®      Fala da sua procura por Simpliciano (devoto desde a juventude), visando mudar de vida.
®      Diz que Simpliciano lhe contou da Conversão de Mário Vitorino.
®      Diz ser maior a alegria da conversão dos pecadores do que dos justos.
®      Fala no atraso da sua conversão devido à luta entre a sua vontade carnal e espiritual.
®      Conta a visita que Ponticiano (cristão e fiel) lhes fez a ele e a Alípio e a conversa que tiveram sobre a vida de Santo Antão e a conversão de uns amigos. Confessa inquietação gerada pelas palavras de Ponticiano.
®      Fala da angústia e perturbação no jardim; de como o espirito resiste a si mesmo; do combate entre a carne e o espirito.
®      Conversão de Agostinho.
Livro IX
®      Agostinho louva a bondade de Deus e reconhece a sua própria miséria.
®      Diz ter-lhe parecido bem adiar a decisão de abandonar a profissão de retor.
®      Fala do repouso e reflexão que viveu na quinta de Verecundo.
®      Produção literária em Cassicíaco e cura repentina de dor de dentes.
®      Refere a carta que enviou a Ambrósio perguntando-lhe que leituras deveria fazer antes do batismo.
®      Diz terem regressado a Milão e ter-se batizado juntamente com Alípio e Adeodato.
®      Fala da introdução do canto na Igreja de Milão e do encontrar dos corpos dos mártires Protásio e Gervásio.
®      Diz ter-se juntado a ele Evódio e fala dos 1ºs anos de sua mãe, do casamento de Mónica, da sua personalidade e virtudes.
®      Conta a visão de Óstia, o diálogo com a mãe sobre o Reino dos Céus; conta como a sua mãe caiu à cama com febre e acabou por morrer; o funeral da mãe; a sua oração pela alma dos pais.
Livro X: Sobre a memória.
Livro XI: Interpretação das Sagradas Escrituras e reflexão sobre o tempo.
Livro XII: Interpretação do texto bíblico.
Livro XIII: Louvor a Deus.