Confissões de Santo Agostinho
- É um itinerário pessoal, religioso e filosófico de Santo Agostinho.
- Aqui a palavra “confissões” adquire três significados: confessar, louvar e reconhecer.
- As Confissões têm uma forma dialógica que assenta na confiança infinita no infinito amor de Deus por ele, cria-se uma sintaxe particular e há um interlocutor silencioso (“Tu” – Deus): “meu amor”, “minha doçura”, “minha luz”, “minha glória”, “minha confiança”, etc.
- Paralelismos podem ser feitos para com os salmos, a apóstrofe é adaptada para o “tu”.
- Têm uma estrutura trinitária: passado (I-IX conhecimento terreno), presente (X conhecimento de si mesmo) e futuro (XI-XIII Agostinho anunciador da palavra divina, conhecimento religioso).
- É o embrião da literatura autobiográfica porque só vai conter o percurso espiritual (os aspetos negativos e positivos do seu percurso) e não segue o cânone autobiográfico da época, que dita que se comece com a ascendência.
- O tom autobiográfico dos primeiros nove livros é estranho aos homens do seu tempo, no entanto, os últimos quatro já eram mais normais e se encaixavam no que eram as suas leituras. Não se dirige ao leitor, não diz o que vai tratar, nem pede inspiração (nem sequer a Deus), o que também é estranho para a época.
- Ideias: Não se pode amar o que não se conhece, para amar é necessário conhecer no entanto, para conhecer é necessário amar.
Agostinho sabe que a sua obra pode ser útil aos outros, a homens com as mesmas dúvidas que ele teve.
È uma personalidade que está sempre a adiar e que se detesta ao comparar-se com os modelos da renúncia.
O seu objetivo máximo não é encontrar, mas procurar a felicidade.
A sua conversão resulta de um processo de perceção gradual de que é cristão, é algo progressivo, lento, meditado.
Livro I
® Agostinho manifesta a intenção de louvar a Deus.
® Refere a Majestade e atributos de Deus.
® Fala do amor que sente por Deus e do perdão dos pecados.
® Infância: acredita na providência e eternidade de Deus.
® Como aprendeu a falar (associando gestos a sons) segundo o que lhe foi contado.
® Aversão ao estudo e amor pela brincadeira; medo dos castigos que o levou, ainda menino, a invocar Deus.
® A imposição do estudo e o desígnio de Deus.
® Temas e matérias preferidos (preferia o Latim, os professores gramáticos, que davam obras como a Eneida, no entanto, demonstra uma consciência nas suas confissões de que pecava aos preferir estas matérias às outras mais úteis, como a matemática).
® Aversão à língua grega e por consequente a Homero.
® Súplica a Deus para que lhe deia forças para ser seu servidor e o livre das tentações.
® Agradece pelos bens recebidos na infância.
Livro II
® Recordação dos vícios da adolescência.
® O desatino dos 16 anos (paixões, vícios, pecado da luxúria),afastamento dos preceitos de Deus e castigo divino.
® A libertinagem da adolescência e expectativas de seus pais (pai gasta tudo o que tem nos estudos do filho – literatura e oratória), mãe teme por si e pelos caminhos tortuosos que poderá ter de fazer, devido ao afastamento de Deus, ainda não sendo cristão, e procura afastá-lo da fornicação e adultério através de Deus, mas Agostinho não a ouve.
® O roubo das peras, não pelo fruto em si mas pela transgressão; confessa a Deus ter amado o seu defeito; Só em Deus está o verdadeiro bem; Prazer do convívio na prática do mal (sozinho nunca teria cometido o furto) e influência das más companhias.
Livro III
® Quando veio para Cartago viveu amores criminosos, só pensava em amar e ser amado.
® Tinha uma grande paixão pelo teatro, que o fazia sofrer e ele amava sofrer com a desgraça alheia, falsa e representada.
® Fala do seu envolvimento e rejeição com arruaceiros.
® Diz ter lido Hortênsio de Cícero e ter demonstrado interesse pela filosofia.
® Lê a Bíblia que estranha perante a majestade de Cícero, dos autores profanos.
® Fala da adesão ao maniqueísmo.
® Diz sua mãe ter chorado muito por ele e um sonho ter sido enviado por Deus a Mónica que fez com que ela fosse viver com ele. Confessa ter estado 9 anos no lamaçal do abismo, durante os quais sua mãe Mónica orou por ele.
® Previsão da futura conversão de Agostinho (reconhecimento de que o maniqueísmo é um erro) por um Bispo a sua mãe.
Livro IV
® Ensina retórica, vive em concubinagem e recusa sacrifícios para vencer.
® Fala da doença, batismo e morte de um amigo e do seu sofrimento “fez-se trevas o meu coração”. A partida para Cartago, incapaz de suportar a dor da perda.
® Diz a dor ter sido suavizada pelo tempo e convívio com os amidos, pela amizade humana e diz ser bem-aventurado quem ama Deus.
® Efemeridade das criaturas.
® Questiona-se porque se ama?
Livro V
® Desejo profundo do conhecimento de Deus
® Relembra quando, ainda maniqueísta, se encontra com Fausto que não conhecia as artes liberais, tirando a gramática.
® Começa a abandonar o maniqueísmo, quando vê que não responde às questões que o atormentam.
® Vai ensinar para Roma contra a vontade da mãe.
® Refere os seus erros antes de aderir à doutrina do Evangelho, ao contactar com os Académicos e passar por uma fase de ceticismo e relativismo práticos.
® Muda-se para Milão de modo a ensinar retórica, para junto do bispo Ambrósio (devoto a Deus), cujos sermões começam a causar-lhe interesse e este aconselha Agostinho a ler as epístolas de S. Paulo, no entanto, não é nem católico nem maniqueu.
® Vai-se apercebendo da autoridade e utilidade das sagradas escrituras.
® Fala de um mendigo feliz que encontrou numa rua de Milão e como gostaria de ter atingido uma alegria estável.
® Refere o seu amigo Alípio e os jogos circenses, tal como os espetáculos de gladiadores e o Alípio ter sido preso como ladrão.
® Fala da honestidade de Alípio e chegada de Nebrídio que se junta a eles na busca da verdade e sabedoria.
® Confessa a sua ansiedade e hesitações e diz ter-se planeado o seu casamento. Fala também do seu projeto de vida comunitário, entre amigos e das sucessivas mulheres e pecados.
Livro VII
® Deus concebido como um ser corpóreo e difuso no universo; progressão no entendimento das coisas divinas; as criaturas são e não são; referência ao erro e descoberta da verdade sobre o Verbo incarnado.
Livro VIII
® Fala da sua procura por Simpliciano (devoto desde a juventude), visando mudar de vida.
® Diz que Simpliciano lhe contou da Conversão de Mário Vitorino.
® Diz ser maior a alegria da conversão dos pecadores do que dos justos.
® Fala no atraso da sua conversão devido à luta entre a sua vontade carnal e espiritual.
® Conta a visita que Ponticiano (cristão e fiel) lhes fez a ele e a Alípio e a conversa que tiveram sobre a vida de Santo Antão e a conversão de uns amigos. Confessa inquietação gerada pelas palavras de Ponticiano.
® Fala da angústia e perturbação no jardim; de como o espirito resiste a si mesmo; do combate entre a carne e o espirito.
® Conversão de Agostinho.
Livro IX
® Agostinho louva a bondade de Deus e reconhece a sua própria miséria.
® Diz ter-lhe parecido bem adiar a decisão de abandonar a profissão de retor.
® Fala do repouso e reflexão que viveu na quinta de Verecundo.
® Produção literária em Cassicíaco e cura repentina de dor de dentes.
® Refere a carta que enviou a Ambrósio perguntando-lhe que leituras deveria fazer antes do batismo.
® Diz terem regressado a Milão e ter-se batizado juntamente com Alípio e Adeodato.
® Fala da introdução do canto na Igreja de Milão e do encontrar dos corpos dos mártires Protásio e Gervásio.
® Diz ter-se juntado a ele Evódio e fala dos 1ºs anos de sua mãe, do casamento de Mónica, da sua personalidade e virtudes.
® Conta a visão de Óstia, o diálogo com a mãe sobre o Reino dos Céus; conta como a sua mãe caiu à cama com febre e acabou por morrer; o funeral da mãe; a sua oração pela alma dos pais.
Livro X: Sobre a memória.
Livro XI: Interpretação das Sagradas Escrituras e reflexão sobre o tempo.
Livro XII: Interpretação do texto bíblico.
Livro XIII: Louvor a Deus.
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