domingo, 22 de abril de 2012

Sobre os céus [De Caelo], Aristóteles

Sobre os Céus [De Caelo], Aristóteles
Aristóteles expõe a sua teoria astronómica neste tratado cosmológico, que moldou a mentalidade ocidental desde o século IV a. C. até ao século VII.
A obra é toda muito explicativa e a sua teoria não encontrou durante séculos grande rivalidade/contrariedade. A imutabilidade dos céus não era contestada no mundo ocidental, até ter aparecido e desaparecido, em 1562, uma estrela no céu.
O texto está apoiado numa observação atenta do mundo.
Tudo o que existe é efémero e tudo se transforma, o céu vem contrariar esta ideia porque não muda, os céus são imutáveis. Existe uma dicotomia radical entre o que se passa na terra e nos céus.
Esta dicotomia vai-se tornar incrivelmente explicativa, com Aristóteles, ao ligar matéria e movimento aos mundos supra e sub-lunar.
Mundo sub-lunar: Terra
Mundo supra-lunar: Céu
O mundo sub-lunar é composto por quatro elementos (terra, ar, água e fogo). Para cada elemento há um contrário.
O mundo supra-lunar não é composto pelos quatro elementos, logo, é composto por outra coisa – o 5º elemento ou matéria celeste.
Características do mundo sub-lunar:
- Mudança;
- Geração/Corrupção;
- Quatro elementos;
- Movimento natural vertical
Características do mundo supra-lunar:
- Não mudança;
- Imutabilidade;
- 5ª Essência ou elemento;
- Movimento natural circular.
Segundo Aristóteles, a noção que condiciona o movimento corresponde à noção de lugar natural.
Ex:. Um corpo pesado é aquele cujo lugar natural está abaixo de onde eu estou.
O movimento relaciona-se com o lugar natural – os quatro elementos têm um movimento natural vertical.
Ex:. A pedra cai porque volta para o seu lugar natural.
Nos céus o movimento natural é circular e não vertical. Tudo o que é feito com os quatro elementos é vertical e o que é feito com o 5º elemento é circular.
Para os corpos celestes terem um movimento circular (eterno) é porque não estão sujeitos á degradação que acontece com os quatro elementos no mundo sub-lunar.
O facto de só existir um movimento e seu contrário (forçado) dos elementos impossibilita a existência de outro centro (para haver outro centro teriam de haver elementos diferentes, o que não é possível).

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