sábado, 7 de janeiro de 2012

De Pictura, Alberti

Em De pictura, Leon Alberti (1404) visa elevar a pintura a arte liberal, distanciando-a do simples trabalho artesanal.
Como humanista que era, apesar de não formado em artes, Alberti tenta que a pintura atinja esse estatuto, comparando a estrutura de um discurso como os de Cícero, à pintura, que considera ser a base de todas as artes.
Esta obra, entre outros aspectos, aborda as leis da perspectiva. O italiano defendia que era legítimo o uso de auxiliares como tela ou tecido fino com quadrícula que visam uma representação mais aproximada à realidade, dizendo existir um espaço na tela em que os elementos são dispostos segundo reflexão prévia do pintor, esse espaço seria um quadrado que era visto como uma janela a partir da qual o pintor cria uma historia. Essa historia é resultado de uma compositio à maneira latina e por isso estruturada segundo alguma complexidade, ou seja, tal como várias palavras dão origem a um sintagma e vários sintagmas dão origem a orações que por sua vez dão origem ao Período, também vários planos compõem um membro, vários membros um corpo (figura) e vários corpos compõem uma historia. Desta forma compara-se ambas as estruturas, a do discurso clássico e a da pintura, tentando conferir-lhe o estatuto de arte do intelecto e igualar a sua importância ao trivium e quadrivium, os dois grandes grupos de disciplinas estudadas no seu tempo. O teórico sublinha, ainda, a diferença entre artesãos e artistas e a importância da observação da natureza.
Concluindo, com esta obra, Alberti pretendeu que a pintura alcançasse o estatuto de arte liberal e recorre à estrutura do discurso clássico para fundamentar a sua subida de estatuto, explica que tal como uma compositio dá origem ao Período, igualmente dá origem à historia, que é o que se encontra representado na pintura.

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