sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

VATICANO - Católicos não se podem confessar pelo iPhone

É a resposta a uma aplicação da Apple que alegadamente teria sido desenvolvido por representantes da Igreja dos Estados Unidos.
Um porta-voz do Vaticano referiu hoje que nenhum programa ou aplicação pode substituir a confissão. Por isso, de acordo com Federico Lombardi, não faz sentido "confessar-se através do iPhone" e da ferramenta chamada "Confession".
Lombardi lembrou ainda que a confissão é um diálogo entre uma determinada pessoa e o padre, cabendo ao confessor dar a absolvição. Ou seja, nenhum programa pode
servir como alternativa. O porta-voz espera ainda que a aplicação do iPhone "não seja um negócio alimentado de uma realidade religiosa e espiritual".
A aplicação para iPhone chama-se "Confession: A Roman Catholic App" e, alegadamente, teria sido desenvolvido com a colaboração de representates da Igreja dos Estados Unidos. Custa 1,59 euros e pretende ajudar o utilizador a fazer um exame de consciência. Inclui os mandamentos, uma lista de pecados, a data da última confissão e sete preces diferentes.

COMENTÁRIO:
A meu ver esta notícia vem demonstrar o ridículo do mundo actual, ao ponto a que chegámos que até já surge a hipótese de uma confissão através do iPhone. Isto é algo trágico. Desde quando é uma confissão se torna algo banal sem significado nem espiritual nem psicológico para a pessoa.
Se toda a gente se passasse a confessar por uma aplicação, a absolvição não faria mais sentido e o mais grave as pessoas deixariam de reflectir sobre os seus actos, porque a absolvição é um alívio da consciência e existe uma necessidade das pessoas terem noção do que fazem, tanto a elas próprias como aos outros. O plano espiritual não pode ser simplificado porque o que lhe dá sentido é a sua complexidade, era tudo mais fácil se nos confessássemos pelo iPhone e até poderíamos mandar alguém confessar-se por nós. O ser humano precisa da crença para sobreviver e se lhe a tiram, não resta nada.
Esta aplicação só foi criada para que os que mais pesada têm a consciência pelos seus actos continuem impunes porque maior castigo é saber que fizemos algo errado e agora temos de aprender a viver com isso, não é absolvição que muda as acções, esta é só um modo de nos sentirmos melhores e seguirmos com a vida. Antes de alguém nos perdoar, nós temos de nos perdoar a nós mesmos porque não devemos viver do perdão alheio, aliás, nós não devemos viver com o perdão, devemos fazer pelo perdão. Esta ideia estapafúrdia não cabe na cabeça de Padre nem Bispo nem de arcebispo nem de Papa algum, isto é uma maneira fácil de reduzir a fila diária no confessionário, literalmente. As pessoas não sabem lidar com o que fazem e se não conseguem lidar com isso, não o façam e escusam de se cansar a sair de casa, benzer-se com água benta à entrada da igreja e fingir que estão arrependidos porque são poucos, mas muitos poucos que se voltassem atrás não fariam o mesmo e foi para esses (os que não se arrependem) que esta aplicação foi inventada e não para aqueles que de facto acreditam, aqueles que tentar corrigir os seus erros com acções e não com perdões, porque a errar toda a gente tem direito mas há que admitir o erro e tentar emendá-lo, não é pedir perdão e absolvição e ir para casa dormir descansado. Eu não sou baptizada, nem tenho religião, confessar? Confesso a mim mesma pois toda mas toda agente tem a capacidade de distinguir o bem do mal, o certo do errado, a única diferença é que nem toda a gente sabe escolher o bem e certo ou certamente bem, são as nossas acções que fazem de nós quem somos e não as acções que fazem por nós porque ouvir e assimilar é fácil, o difícil é assimilar sem ouvir. Todos sabemos, desde o ateu ao judeu, ao budista, ao cristão, ao protestante… todos sabemos que esta aplicação é uma farsa, até o ateu sabe! Porque até esse tem de acreditar em algo, quer seja na natureza: na água dos riachos, no sol que brilha, na chuva que cai, na nuvem que passa, na relva que cresce, no brilho do mar, no acto de respirar; quer noutra coisa qualquer. Até para esses que não acreditam, esses devem achar isto um acto de loucura porque faz tanto sentido como para eles cheirar uma flor num ecrã, sentir o sol através de uma lanterna (dia e noite ligada), sentir o frio do vento e o calor do verão porque o ar condicionado está ligado, respirar através de garrafas de oxigénio… isto é só o inicio do fim. No fundo concordo com a decisão de não ir com isto para a frente, mas não porque iriam padres para o “desemprego” porque sejamos francos muitos são aldrabões e quem são eles para nos absolver se são muitos deles que precisam de absolvição, é triste dizer isto dos homens de Deus, mas a verdade é que deixaram de o ser há muito e os que ainda são não irão conseguir mudar este mundo imperfeito, mas pelo menos não devem permitir que se torne mais. O homem tornou-se previsível e os seus actos mesquinhos e cruéis também porque existe uma lista de pecados pré-feita, se isto é normal então eu e muitos outros somos perfeitos anormais, somos anormais e em todos os sentidos da palavra e queremos continuar a sê-lo porque é essa anormalidade que nos garante a esperança em algo melhor, num mundo melhor ou o ver o melhor que há neste mundo porque cada vez mais a cegueira se espalha e a única coisa que espero é que Saramago fosse um visionário e que todos no fim voltaremos a ver, que quando pensarmos junto à janela que vamos cegar, abramos os olhos e vejamos o mundo no seu esplendor e possamos dizer: Agora todos vemos e estamos aqui.

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